Missão da Nasa com amostra de asteroide retornará à Terra em 2023
É a primeira vez que a agência espacial americana traz pedaços de um asteroide para a Terra. Entenda o que será feito.
A sonda OSIRIS-REx, da Nasa, está finalmente voltando para a Terra com um punhado de pedregulhos do asteroide Bennu. A missão, que começou há seis anos, deve chegar ao fim em setembro de 2023 – isto é, se a agência espacial acertar a direção e velocidade da espaçonave.
Ela precisa viajar ao nosso encontro e ficar a 250 quilômetros da superfície terrestre para liberar a cápsula com as amostras, que vai cair de paraquedas em uma área militar no deserto de Utah (Estados Unidos). Uma operação nada simples.
A equipe responsável por realizá-la precisa garantir, em primeiro lugar, que a OSIRIS-REx se aproxime da Terra como planejado. Se estiver mal posicionada, pode 1. escapar da atmosfera terrestre ou 2. entrar na atmosfera em velocidade alta demais, e assim queimar até se destruir.
“Ao longo do próximo ano, ajustaremos gradualmente a trajetória da OSIRIS-REx”, explica Daniel Wibben, líder da equipe, em comunicado. A espaçonave deixou o asteroide em maio de 2021, e o primeiro ajuste de trajetória aconteceu no último mês de setembro.
Bennu tem 500 metros de diâmetro e viaja ao redor do Sol, assim como a Terra. Mas fica a 168 milhões de quilômetros do astro-rei, aproximadamente 20 milhões de quilômetros mais distante do que nós. Você pode conferir as órbitas no vídeo abaixo – assim como o encontro da sonda conosco, como a Nasa planeja.
A Nasa lançou a OSIRIS-REx em setembro de 2016, e ela chegou no asteroide em dezembro de 2018. Depois de sobrevoar Bennu por mais de dois anos, coletou uma amostra da superfície (entre 200 e 400 gramas) em outubro de 2020.
É a primeira vez que a agência espacial americana traz pedaços de um asteroide para a Terra. A agência japonesa, JAXA, já trouxe amostras de dois asteroides que orbitam o Sol – Itokawa, em 2010, e Ryugu, em dezembro de 2020.
Por que estudar o solo de asteroides?
A Terra e os outros planetas do Sistema Solar surgiram a partir de um disco de gás e poeira que rodeava o Sol. Com a ação da gravidade, esse material foi gradualmente se organizando em blocos, que formariam os planetas.
Imagine que os asteroides, corpos bem menores, são as sobras desse processo. Eles são como cápsulas do tempo. Ao estudá-los, os cientistas podem compreender melhor a evolução do Sistema Solar, da Terra, e a origem da vida.
A Nasa construiu um laboratório especial para análise das amostras de Bennu. A agência vai distribuir algumas gramas entre cientistas do mundo todo e guardar uma parte, que deve ser estudada por gerações futuras, com novas tecnologias. A mesma estratégia foi adotada pela Nasa em relação às amostras lunares do Programa Apollo, da década de 1970.
Mas estudar o asteroide Bennu não é só estudar a evolução da Terra e dos nossos vizinhos no espaço. Como ele está relativamente próximo de nós, os astrônomos procuram entender se Bennu configura uma ameaça; se pode, nos próximos séculos, nos atingir.
Existe uma chance bem pequena. A data mais provável para o impacto, entre hoje e 2300, seria o dia 24 de setembro de 2182, com um risco de 0,037%. Os cientistas calcularam esses riscos a partir de dados fornecidos pela OSIRIS-REx – e publicaram os resultados em agosto de 2021.