Nasa começa a estudar amostra lunar selada desde 1972
Recipiente armazenado em condições especiais, que pode conter gases lunares, está sendo aberto com ferramenta especial construída pela Agência Espacial Europeia.
Na última vez em que humanos colocaram os pés na Lua, na missão Apollo 17 (1972), os astronautas Gene Cernan e Jack Schmitt martelaram um par de tubos de 35 centímetros na superfície do satélite para coletar amostras do solo lunar.
A Nasa guardou esses materiais, sabendo que, no futuro, os cientistas seriam capazes de analisá-los melhor, equipados com novas tecnologias e novas perguntas. Foram 50 anos de espera. Um dos recipientes foi aberto em 2019; outro passou a ser investigado agora.
As amostras foram guardadas em uma câmara de vácuo e mantidas sob baixas temperaturas. Os cientistas esperam que o armazenamento especial tenha preservado substâncias que teriam se dissipado à temperatura ambiente – como dióxido de carbono. Por isso, só estão abrindo o recipiente agora, com uma ferramenta especial de perfuração construída pela Agência Espacial Europeia (ESA), que poderá extrair cuidadosamente os gases lunares eventualmente presentes na amostra.
A equipe começou a abrir um tubo protetor externo à amostra em 11 de fevereiro. Depois, em 23 de fevereiro, começou o processo para perfurar o recipiente interno – que deve se estender por várias semanas. Após extrair quaisquer gases lunares que ainda estejam dentro do tubo, os cientistas vão remover as rochas e a porção de solo lunar do recipiente.
A expectativa é que a análise ajude os cientistas a compreender a história geológica e a evolução da Lua. “Cada componente de gás analisado pode ajudar a contar uma parte diferente da história sobre a origem e evolução de substâncias voláteis na Lua e no início do Sistema Solar”, diz Francesca McDonald, que liderou a construção da ferramenta da ESA.
Quem conduz o estudo são pesquisadores do Apollo Next Generation Sample Analysis Program (ANGSA), programa da Nasa que coordena a análise de antigas amostras lunares, coletadas pela Apollo 15 e pela Apollo 17.
Os estudos de agora também poderão mostrar aos cientistas se os processos de armazenamento utilizados realmente conservaram os materiais lunares – informações importantes para coletas em futuras missões à Lua, como o programa Artemis, da Nasa.
Segundo a astroquímica Jamie Elsila, a espera para estudar as amostras valeu a pena. “Nossa sensibilidade analítica melhorou muito e novos métodos foram desenvolvidos para isolar os compostos nos quais estamos interessados, dando-nos uma capacidade de detecção que não era possível há 50 anos.”