Nasa enviará mais dois helicópteros para Marte
São diferentes dos helicópteros que você conhece. E estarão de prontidão, como plano B, para resgatar amostras do solo marciano. Isso caso o plano A falhe.
O primeiro helicóptero que a Nasa mandou para Marte, Ingenuity, deu tão certo que a agência espacial enviará mais dois. Eles fazem parte do plano B da missão Mars Sample Return, que pretende trazer para a Terra pedaços de rochas e solo marciano em 2030.
Quem está recolhendo amostras no planeta vermelho, desde 2021, é o rover Perseverance, da Nasa. Ele tem explorado uma cratera chamada Jezero, principalmente o delta de um antigo rio – um bom lugar para procurar indícios de vida microbiana que possivelmente existia em Marte há bilhões de anos.
O Ingenuity pegou uma carona para Marte com o Perseverance. Ele não é nada parecido com os helicópteros que sobrevoam nossas grandes cidades: é uma aeronave pequenina, com hélices de 1,2 metro, e realiza voos autônomos, guiados por sistemas de controle a bordo.
A ideia era que ele fizesse uma série de voos experimentais no planeta vermelho. O desafio envolve a gravidade significativamente menor e atmosfera rala de Marte em relação à Terra. Até então, o Ingenuity já realizou 29 voos.
Ele também já durou um ano a mais do que o previsto e, por tudo isso, mostrou seu potencial como ferramenta para missões futuras. “É por isso que fazemos demonstrações de tecnologia [como essa]”, disse o chefe de ciência da Nasa, Thomas Zurbuchen.
Agora, helicópteros semelhantes ao Ingenuity compõem o novo plano para buscar as amostras coletadas pelo Perseverance. O plano original era enviar um novo rover para Marte, construído pela agência espacial europeia (ESA, na sigla em inglês), que coletaria o material e levaria até um módulo de pouso.
O problema é que estudos recentes mostraram que esse rover de busca seria muito pesado para ser enviado junto ao módulo em uma espaçonave – o que colocaria em risco, por exemplo, o pouso disso tudo em Marte. O rover deveria decolar em uma nave separada, o que, obviamente, tornaria a missão de 2030 mais cara do que o previsto (cerca de US$ 7 bilhões).
O novo plano é eliminar o rover de busca. O Perseverance iria, por conta própria, ao encontro do módulo de pouso enviado pela Nasa, onde braços robóticos construídos pela ESA pegariam os pequenos tubos, um por um. Tudo isso seria resgatado, mais tarde, por outra espaçonave.
Agora, se algo der errado com o Perseverance (e ele não puder se locomover até o módulo de pouso), é aí que os helicópteros entram em ação. Os controladores do rover, aqui na Terra, poderiam instruí-lo a largar suas tão preciosas amostras no chão, e os helicópteros pousariam próximos a elas para resgatá-las e levá-las até o módulo.
A viagem de volta à Terra ainda levaria mais alguns anos. Espera-se que as amostras cheguem aqui em 2033 e então sejam examinadas por cientistas com equipamentos de última geração – que talvez ainda nem existam.