Veja como – e por que – você deveria adestrar seu gato
Treinar o seu bichano pode ajudá-lo a lidar com humanos, tranquilizá-lo em visitas ao veterinário e torná-lo mais amigável. Confira três dicas úteis.
A pandemia aumentou a busca por adoção de pets. Só na União Internacional Protetora dos Animais (UIPA), ONG na Zona Norte de São Paulo, foi registrado um aumento de 400% na procura por cães e gatos. Se você faz parte dessa porcentagem, sabe como pode ser difícil adestrar o animal em casa.
Em um artigo publicado no site de divulgação científica The Conversation, Lauren Finka, pesquisadora visitante na Nottingham Trent University, esclarece algumas das diferenças entre as relações de cães e gatos com os humanos. Desde 15.000 a.C. os cachorros mantêm uma relação amistosa com humanos – eles ajudavam na caça e, em troca, recebiam proteção; já os gatos só foram domesticados em 7.500 a.C. Os felinos nunca receberam funções como guarda, caça ou pastoreio, e nem foram criados para melhor cooperarem ou se comunicarem conosco.
Contudo, assim como os cachorros, os gatos também precisam de apoio para se adaptarem ao novo lar e às novas companhias. Pesquisas mostram que eles podem reconhecer e responder a sinais sociais discretos e serem treinados em tarefas semelhantes às dos cães.
É improvável, porém, que um gato precise de treinamento para andar com uma coleira ou se comportar em um shopping – visto que eles não costumam ser levados para essas atividades. Além disso, gatos geralmente precisam de menos treino para usar o banheiro do que os cães.
O objetivo de um treinamento animal não é (só) facilitar a vida dos donos; algumas formas simples de treino podem, inclusive, ser boas para o bem-estar do seu pet.
“Em um abrigo, por exemplo, o treinamento pode ser uma ferramenta útil para aumentar os comportamentos exploratórios de um gato, reações positivas às pessoas e talvez até suas chances de ser adotado”, escreve Finka.
Algumas técnicas também podem ajudar gatos a se sentirem confortáveis em uma caixa de transporte, se acostumarem com viagens de carro, exames e a lidarem melhor com visitas ao veterinário.
1. Comece cedo
Segundo Finka, os gatos devem receber cuidados gentis e calorosos dos humanos a partir de duas semanas de idade, para aprenderem que somos amigos e não inimigos. Ao brincar com gatinhos, você deve usar varinhas de gato (aquelas com brinquedinhos na ponta) para que aprendam a não atacar nossas mãos ou pés.
2. Nada de bronca
Nem pense em puni-los com gritos, manuseio brusco ou borrifadas de água. Isso pode induzir o estresse e comprometer a qualidade do relacionamento entre o dono e o gato. Priorize o reforço positivo, como guloseimas e palavras carinhosas. Essa não só é a maneira mais eficaz de treinar animais de estimação, como também é melhor para o bem-estar deles.
3. Use recompensas
Técnicas baseadas em recompensas podem ser uma excelente maneira de ensinar um gato a entrar em uma caixa de transporte sozinho ou manter a calma durante tratamentos. Bichanos amigáveis e motivados por comida podem até aprender truques como cumprimentar, sentar ou girar.
No entanto, Finka ressalta que os gatos costumam ser menos motivados a prestar atenção em nós ou fazer o que estamos pedindo se comparados aos cães – especialmente quando não se sentem à vontade.
“É importante garantir que o gato esteja em algum lugar onde se sinta à vontade quando realizamos qualquer treinamento com ele. Sempre garanta que ele tenha a opção de ir embora ou terminar a sessão quando quiser e tente dar uma pausa se parecer desconfortável”, aconselha Finka. Alguns desses sinais mencionadas são o gato virar a cabeça, lamber o nariz, levantar uma pata, se limpar excessivamente, parecer encurvado ou tenso e contorcer ou bater a cauda.