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O Guia Michelin tem alguma coisa a ver com a marca de pneus?

O famoso guia gastronômico nasceu como estratégia de marketing para incentivar o nascente mercado de automóveis (e, consequentemente, o de pneus).

Por Rafael Battaglia
Atualizado em 6 set 2024, 15h36 - Publicado em 19 out 2023, 15h32

França, 1900. Naquele ano, havia cerca de 3 mil carros circulando no país. Foi quando os irmãos Édouard e André Michelin tiveram a sacada: distribuir gratuitamente um guia de viagens com informações sobre hotéis, restaurantes, postos de gasolina e oficinas mecânicas.

Os irmãos incluíram também um passo a passo completo sobre como trocar pneus – anos antes, em 1891, eles tinham inventado uma versão da peça bem mais rápida de ser substituída em comparação aos modelos existentes. E então distribuíram o guia, gratuitamente (manuais de viagem já eram comuns naquela época, vale dizer – mas ainda não havia uma versão especialmente voltada a turistas motorizados). 

Deu certo. Em 1904, publicaram uma versão do guia para a Bélgica. Em 1907, outro volume, para Argélia e Tunísia (que na época eram colônias francesas). Em 1908, uma versão para a região dos Alpes.

Em 1920, a Michelin passou a cobrar pelo guia (custava o equivalente a US$ 39) e extinguiu anúncios publicitários. O sucesso das dicas de restaurantes fez com que a seção aumentasse: a empresa criou categorias e contratou avaliadores (os chamados “inspetores”) para visitar anonimamente os estabelecimentos – prática que se mantém até hoje. 

Em 1931 criaram o sistema de estrelas. Uma significa, de acordo com a Michelin, que o restaurante “usa ingredientes de primeira linha e pratos com sabores marcantes”; duas, que, além disso, “o talento do chef fica evidente”; três, que “a cozinha do estabelecimento foi elevada a uma forma de arte”.

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Com o passar das décadas, o guia tornou-se referência. Com a grana da Michelin (a segunda maior fabricante de pneus do mundo) por trás, manter uma atividade altamente lucrativa nunca foi uma preocupação para os editores do livro, que passaram a criar edições cada vez mais robustas. Na Segunda Guerra Mundial, por exemplo, os Aliados usaram cópias da versão de 1939 do guia (a última feita antes do conflito). Os mapas da França da Michelin foram considerados os mais atualizados disponíveis naquele momento.

Apesar da fama, o Guia Michelin por vezes é criticado por focar em restaurantes caros, pouco acessíveis. Um levantamento de 2021 revelou que o custo médio para um menu degustação (aquele com várias etapas) em um restaurante duas estrelas era de US$ 252.

Quer comer num restaurante indicado pela Michelin, mas sem precisar pedir um financiamento na Caixa? Pesquise por estabelecimentos Bib Gourmand, um selo criado pelo guia em 1997 para indicar locais com bom custo benefício. O nome vem do mascote da empresa, o “boneco da Michelin” (cujo nome, em francês, é “Bibendum”; “Bib”)

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Pergunta de Leonardo Caparroz, estagiário da Super

Fonte: Guia Michelin, artigo “How much to dine out at a top Michelin-starred restaurant”, do Chef ‘s Pencil;

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