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Confiança em profissionais de saúde cai mais de 30% após a pandemia

Pesquisadores afirmam que baixa pode estar relacionada à diminuição de pessoas vacinadas e também à busca de informações em lugares sem credibilidade

Por Victor Bianchin
10 ago 2024, 14h00

A confiança do público em hospitais e profissionais de saúde nos EUA caiu de 71,5% em abril de 2020 para 40,1% em janeiro de 2024, de acordo com um novo estudo publicado no JAMA Network Open, um periódico médico. O dado é relevante porque uma diminuição na confiança afasta a população das unidades de saúde – o que resulta, por exemplo, em menor cobertura vacinal.

“Mesmo que não seja possível ter certeza de que exista uma relação de causalidade, os dados são consistentes com a possibilidade de que a falta de confiança é um fator em baixos índices de vacinação”, afirmou David Lazer, professor de política social na Universidade Northeastern, um dos supervisores do estudo.

“Perguntamos aos entrevistados se haviam sido vacinados e sobre confiança e descobrimos que as duas coisas estavam correlacionadas”, disse Lazer.

“Também observamos se a expressão de desconfiança servia para predizer futuros status de vacinação, como pudemos analisar pelo relatório de autodeclaração, e servia”. Lazer afirma que a politização em torno da pandemia de covid-19 ajudou a afastar o público de fontes confiáveis de notícias sobre saúde. 

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A pesquisa consistiu em entrevistas online com 443.455 pessoas maiores de 18 anos e residentes de todos os estados americanos. Observou-se que a desconfiança existe em todos os grupos socioeconômicos, mas foi maior entre pessoas com menor escolaridade, menor renda, mulheres, negros e residentes de áreas rurais. 

Os participantes precisaram responder várias perguntas de resposta aberta. Entre as missivas oferecidas constava que “os médicos só estão interessados no dinheiro” e relatos de problemas com a cobrança dos serviços.

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Vale dizer que, nos EUA, não existe um equivalente ao SUS brasileiro, e sim apenas alguns programas destinados a ajudar pessoas com baixa renda, como o Medicare. O acesso a exames e consultas é bastante caro, especialmente para quem não tem plano de saúde.

Essa desconfiança com a classe médica é preocupante para os pesquisadores porque, além de poder ter relação com os baixos índices de vacinação, também pode levar as pessoas a procurar informações erradas. Muitos pacientes, argumentam os pesquisadores, confiam em seus médicos para aconselhá-los sobre temas como dietas, exercícios, tabagismo e até mesmo uso de armas de fogo.

“Se você não confia no sistema e se não confia em instituições, você tem mais chances de ir a grupos do Facebook onde são feitas recomendações suspeitas sobre saúde”, afirma Lazer.

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