Mamadeiras podem liberar até 4 milhões de microplásticos de uma vez
Água quente intensifica o desprendimento das partículas – mas ainda não se sabe quais riscos elas oferecem à saúde.
Microplásticos são pequenas partículas originadas da desintegração de materiais plásticos, como garrafas e canudos, abandonados no ambiente. Mas essa não é a única fonte: nossas próprias roupas também podem liberar pedacinhos durante a lavagem, poluindo os oceanos. E aí, como consequência, seres marinhos acabam ingerindo os microplásticos, e podem levar substâncias tóxicas para o resto da cadeia alimentar. Inclusive, até nós: cerca de 74 a 211 mil dessas partículas são consumidas ou inaladas por ano nos Estados Unidos.
Agora, uma pesquisa publicada na revista Nature sugere que essa ingestão de microplásticos pode começar ainda na primeira infância, liberados pelas mamadeiras dos bebês.
As mamadeiras de plástico de polipropileno são, hoje, maioria no mercado. Representam 69% dos recipientes disponíveis nas lojas. Para medir os danos, os pesquisadores pegaram modelos do tipo e colocaram água aquecida a 70 ºC (temperatura recomendada pela OMS). Depois, posicionaram o objeto em um agitador mecânico por um minuto, para simular o preparo da mistura com leite em pó.
Após o processo, os pesquisadores filtraram a água e fizeram uma análise com microscópio para ver a quantidade de microplástico liberada. O resultado foi que cada garrafa vazava de 1 a 16 milhões de partículas por litro, sendo uma média de quatro milhões soltas no recipiente. O estudo também realizou testes com a mistura de água e leite em pó, e alcançaram resultados parecidos.
O que libera os microplásticos é a temperatura elevada da água,e o balanceio da mamadeira intensifica esse processo. Parar de usar água quente, por outro lado, não é uma opção viável, afinal, ela serve para destruir possíveis bactérias e proteger o bebê. Por enquanto, não se sabe ao certo quais riscos a ingestão de microplásticos oferece à saúde.
Mas há uma forma de reduzir os danos. John Boland, pesquisador do Trinity College Dublin e um dos autores do estudo, sugeriu à revista New Scientist que a fórmula seja preparada em um recipiente separado, preferencialmente de outro material, como vidro. Então, a bebida deve ser passada para a mamadeira só depois de pronta e resfriada.