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Pílulas anticoncepcionais podem aumentar o risco de câncer de mama

Estudo de Oxford analisou dados de 28 mil mulheres. Mas calma: o risco absoluto é baixo. Os pesquisadores só indicam a interrupção do tratamento sob orientação médica.

Por Leo Caparroz
Atualizado em 3 abr 2023, 08h40 - Publicado em 23 mar 2023, 14h58

Um estudo recente, realizado por pesquisadores da Universidade de Oxford com dados de quase 30 mil mulheres, apontou que todos os tipos contraceptivos hormonais podem trazer um pequeno aumento no risco de câncer de mama.

Estudos anteriores já haviam apontado relações entre o aumento no risco desse câncer e o uso de pílulas contraceptivas combinadas, que são compostas pelos hormônios estrogênio e progestina (um composto sintético, com efeitos similares aos da progesterona). Contudo, segundo os autores, os dados existentes sobre o efeito dos contraceptivos hormonais apenas com progesterona eram limitados.

O estudo de Oxford se baseia em dados de 28 mil mulheres entre 20 e 49 anos. Destas, dez mil desenvolveram câncer de mama; 18 mil, não. Os pesquisadores constataram que, nestes dois grupos, 44% e 39% das mulheres, respectivamente, tinham uma receita de contraceptivo hormonal – e dentre elas, metade consumia o do tipo que leva apenas progesterona (também chamadas de “minipílulas”).

O risco real

Eles descobriram que as minipílulas de progesterona apresentam um risco relativo de 20% a 30% para as usuárias. Mas calma: em valores absolutos, e para as mulheres que tomaram por um período de cinco anos entre 16 e 20 anos de idade, isso representa oito casos de câncer de mama por 100 mil.

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Já entre 35 e 39 anos, esse número subia para 265 casos por 100 mil – vale ressaltar que as chances naturais do câncer também aumentam com a idade. Os cientistas descobriram ainda que esse acréscimo diminuiu gradualmente com os anos após a interrupção do uso da pílula.

É importante dizer que o estudo não aponta que tomar um anticoncepcional vai causar câncer de mama – a pesquisa apenas investigou possíveis vínculos entre as pílulas e a doença. Os cientistas também enfatizam que essa descoberta deve ser posta na balança e comparada aos benefícios dos contraceptivos, incluindo a proteção que eles fornecem contra outras formas de câncer feminino, como o câncer de ovário.

“Ninguém quer ouvir que algo que está tomando vai aumentar o risco de câncer de mama em 25%”, afirma Gillian Reeves, professora de epidemiologia estatística da Universidade de Oxford e co-autora do estudo. “O que estamos falando aqui é um aumento muito pequeno no risco absoluto que deve, é claro, ser visto no contexto do que sabemos sobre os muitos benefícios de tomar contraceptivos hormonais.”

Sobre a progestina

A progestina é a versão sintética do hormônio natural progesterona, que é crucial para a menstruação e a gravidez. Os anticoncepcionais baseados nesse hormônio previnem a gravidez ao engrossar o muco no colo do útero, impedindo que o esperma atinja um óvulo e, em alguns casos, podem interromper completamente a ovulação.

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Assim como os contraceptivos hormonais combinados, os anticoncepcionais só de progestina são projetados para prevenir uma gravidez indesejada, mas ainda assim devem ser usados em conjunto com preservativos, pois não protegem as mulheres de infecções sexualmente transmissíveis.

As mulheres que costumam usar contraceptivos geralmente são mais jovens, com menos de 50 anos, quando o risco de câncer de mama é ainda menor.

Devo parar de tomar anticoncepcional?

Em vez de simplesmente parar de tomar as pílulas, o melhor a se fazer é consultar seu médico para tomar uma decisão com base no seu perfil. O risco adicional deve ser medido junto do contexto de outros benefícios do uso de anticoncepcionais, como o controle de natalidade e a regulação hormonal. Para quem quer diminuir o risco de câncer, não fumar, ter uma dieta saudável e equilibrada, beber menos álcool e manter um peso saudável ainda são as medidas mais acertadas.

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