Vacina da AstraZeneca pode diminuir em 67% a transmissão da Covid-19
Essa foi a redução no "swab" positivo, teste que indica se a pessoa pode ou não passar o vírus; primeira dose da vacina reduz casos de Covid em 76%
A publicação dos dados gerais de eficácia de uma vacina não significa que os testes envolvendo aquele imunizante tenham chegado ao fim. Mesmo após receberem aprovação para comercialização de suas vacinas em diferentes países, laboratórios ainda seguem testando os produtos a fim de entender melhor os resultados.
Existem, afinal, uma série de questões que as novas vacinas precisam responder. Quanto tempo a imunização dura? Vacinas funcionam de forma igual para idosos e jovens? Uma pessoa vacinada contra Covid-19, caso infectada, tem sintomas mais leves ou transmite menos a doença?
As respostas para algumas dessas perguntas começam a chegar agora, com a publicação de novos dados e o acompanhamento da resposta de pacientes vacinados. É o que aconteceu com a vacina desenvolvida pelo laboratório anglo-sueco AstraZeneca em parceria com a Universidade de Oxford, por exemplo. Novas análises, divulgadas nesta quarta-feira (3), testaram o efeito que uma única dose do imunizante de Oxford/AstraZeneca pode ter sobre a transmissão do coronavírus.
Semana após semana, cientistas fizeram testes swab com participantes do estudo que foram vacinados. A ideia era detectar traços do vírus nesses pacientes. Se o teste swab não der positivo, o indivíduo não irá contaminar outras pessoas (pois mesmo se o vírus estiver presente no organismo, sua quantidade será insuficiente para transmitir a infecção).
A análise dessas amostras indicou que, no grupo dos vacinados com uma dose, o número de testes swab positivos foi 67% menor do que entre pessoas não vacinadas. Ou seja: a vacina reduz em 67% a transmissão do vírus. No contexto de pandemia, em que diminuir o número de pessoas que podem contaminar outras é um aspecto vital, os dados são animadores.
O mesmo levantamento mostrou que uma dose da vacina pode garantir proteção de 76% contra Covid-19 no intervalo de até três meses. Isso quer dizer que, além de a vacina impedir que pessoas sofram com sintomas graves ou morram da doença, 3 em cada 4 vacinados com o imunizante de Oxford/AstraZeneca não contrairão Covid-19 por pelo menos três meses. Os dados são preliminares, e agora passam por análise de cientistas independentes. Você pode ler o estudo clicando aqui.
A eficácia geral de duas doses da vacina de Oxford/AstraZeneca, segundo dados publicados inicialmente, é de 62%. Portanto, ainda que os 76% com uma única dose não se confirmem, a vacina ainda está acima dos 50% recomendados pela OMS (Organização Mundial de Saúde) e cobrados no Brasil pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
Por aqui, a vacina teve seu uso emergencial aprovado no último dia 17 de janeiro. Cerca de 2 milhões de doses, importadas da Índia, já vem sendo usadas na vacinação pelo país. No sábado (30), o Ministério da Saúde disse que o Brasil deve receber entre 10 e 14 milhões de doses da vacina de Oxford/AstraZeneca a partir de fevereiro. A expectativa da Fiocruz é produzir, até abril, mais 50 milhões. Para isso, o instituto aguarda a chegada de insumos.