Cápsula contendo pedaços de asteroide Ryugu retorna à Terra
A operação faz parte da Missão Hayabusa 2, organizada pela Agência Japonesa de Exploração Aeroespacial (JAXA), que tem como objetivo elucidar questões sobre a formação do Sistema Solar.
Neste sábado (5), um brilho tomou conta do céu australiano. O que se aproximava da Terra era uma cápsula de 16 quilos ejetada pela espaçonave Hayabusa 2, que tem como missão coletar rochas e poeira de asteroides. O módulo, que voava a 11 km/s, teve seu paraquedas ativado e pousou com sucesso em uma região próxima a cidade de Woomera, no sul da Austrália. Ele ainda não foi aberto, mas deve trazer em seu interior pedaços do asteroide Ryugu.
A missão, organizada pela Agência Japonesa de Exploração Aeroespacial (JAXA), tem o Ryugu como primeiro alvo por ser formado por rochas extremamente antigas, que devem remontar à formação do Sistema Solar. Logo, o material orgânico analisado na amostra poderá contar uma história de 4,6 bilhões de anos, sobre o que havia no início de tudo. Além disso, será possível analisar nas amostras a influência da radiação cósmica sobre estes objetos.
Sentar e esperar um pedaço desse cair do céu não seria uma opção viável. As rochas que formam o Ryagu são extremamente frágeis e porosas. Pesquisadores explicam que o asteroide não conseguiria atravessar a atmosfera terrestre como os meteoros, já que acabaria se queimando, e consequentemente se desintegrando, no processo. Para se ter uma ideia, a cápsula pode ter atingido uma temperatura de 3000 ºC. No vídeo a seguir, você confere sua entrada na Terra:
WHY, HELLO SAMPLE CAPSULE! ☄️
The capsule weighs about 16 kg and is about 40 x 20 cm in size. The light is from the heat shield, which should have reached temperatures of around 3000°C during atmospheric re-entry, protecting the sample from such crazy temperatures. pic.twitter.com/7VqBeRk5KE
— Elizabeth Tasker (@girlandkat) December 5, 2020
A Hayabusa 2 foi lançada ao espaço em 2014, mas só atingiu a órbita do asteroide Ryugu em 2018. Dali em diante, trabalhou em coletar amostras, lançando até mesmo projéteis para abrir crateras no corpo celeste e recuperar rochas ainda melhor preservadas. O plano era trazer para a Terra 100 mg de material, mas o valor deve ser confirmado quando o módulo for aberto.
Enquanto caia, a sonda enviava sinais com informações sobre a sua posição. Dessa forma, um helicóptero equipado para captar o sinal pode encontrar e recolher o equipamento. Ainda na Austrália, o módulo foi levado para uma “instalação de inspeção rápida”, onde cientistas coletaram os gases de dentro do recipiente para uma primeira análise.
Nesta manhã (7), a cápsula embarcou em um avião rumo ao Japão, e deve chegar amanhã (8) ao aeroporto de Haneda. Depois, será transportada para a JAXA, onde a amostra será analisada e armazenada. Outros países, como o Reino Unido, também terão acesso ao material para futuras pesquisas.
O trabalho da Hayabusa 2 não acaba aqui. Após ejetar a cápsula com a amostra, a espaçonave voltou a ativar seus motores rumo a uma nova missão. Agora, deve alcançar o asteroide KY26, retornando à Terra com novos materiais em 2031.
Esta não é uma missão pioneira. A própria JAXA já trouxe amostras do asteroide Itokawa em 2010, durante a missão Hayabusa. A missão europeia Rosetta também trouxe rochas do cometa 67P em 2016. A próxima a alcançar este feito será a Nasa que, neste ano, coletou amostras do asteroide Bennu com auxílio da sonda osiris-rex, a qual deve retornar ao planeta em 2023.