Hortaliças cresceram em solo semelhante ao de asteroides
Alface, rabanetes e pimentas vingaram. Experimento investiga a possibilidade de uma futura agricultura espacial.
E se astronautas fizessem pit stop em asteroides com plantações de hortaliças? Parece ficção científica, mas alguns pesquisadores trabalham para que esse cenário se torne realidade no futuro.
Em um experimento, alface, rabanete e pimentas cresceram em misturas de turfa e um material que imita fragmentos de rocha e solo de um tipo de asteroide que contém fósforo e potássio em sua superfície – nutrientes que poderiam favorecer o desenvolvimento das plantas.
Esse é um dos estudos que nascem de um problema sobre a dieta dos astronautas. Ela geralmente consiste em alimentos desidratados e de preparação rápida, porque não é possível levar alimentos frescos (que demandam conservação adequada, com refrigeradores) para o espaço.
Isso não só significa refeições pouco interessantes e nutritivas, mas também dificulta missões de longo prazo – porque, claro, passar muito tempo no espaço demandaria carregar muitos suprimentos. Então a agricultura espacial pode ser o próximo passo em direção à sustentabilidade no espaço, como escrevem os pesquisadores do novo estudo, publicado no Planetary Science Journal.
Como foi o estudo
O experimento aconteceu na Universidade de Dakota do Norte, nos Estados Unidos. O pesquisador Steven Russell escolheu vegetais já cultivados a bordo da Estação Espacial Internacional e comparou como as plantas cresciam em diferentes misturas de solo falso de asteroide e turfa, com simuladores de microgravidade.
Russell e seus colegas perceberam que, em misturas com diferentes concentrações de turfa, as plantas cresceram. Ela impediria uma compactação excessiva do solo e melhoraria a retenção de água. Por outro lado, os vegetais não vingaram em vasos que continham apenas o solo de asteroide.
“Mais investigações são necessárias para determinar estratégias de mitigação para tornar o regolito do asteroide um solo mais propício”, escrevem os pesquisadores.
Fieber-Beyer, cientista da universidade que participou do estudo, pretende cultivar sementes de ervilhaca no solo falso de asteroide, deixar as plantas se decomporem e depois misturar a matéria orgânica.
Ela espera que isso impeça que o solo se compacte além da conta para próximos cultivos experimentais. Além disso, as sementes são mais leves do que a turfa e poderiam ser transportadas mais facilmente para o espaço.
“Se nosso objetivo é estabelecer uma presença de longo prazo no espaço, não podemos fazer isso a menos que tenhamos comida”, disse a cientista em comunicado. Estabelecendo terrários em asteroides, robôs poderiam assumir a manutenção das “fazendas autossustentáveis”.
Parece uma ideia maluca, mas a mineração espacial e o estabelecimento de postos de combustível no espaço – que têm experimentos e projetos em andamento – também pareciam. Nem o céu é o limite.