Perseverance: rover da Nasa pode ter captado amostra perfeita de rocha em Marte
O fragmento pode ser um dos primeiros do planeta a, um dia, ser trazido para a Terra. Entenda.
O início de setembro trouxe grandes emoções para os cientistas da Nasa. Na quarta-feira (1º), o rover Perseverance, em missão em Marte, coletou o que parece ser um fragmento perfeito de rocha. A amostra têm previsão de ser entregue à Terra na década de 2030, quando os cientistas poderão analisar o objeto marciano em busca de sinais de vida microbiana antiga.
Há cerca de um mês, o Perseverance havia tentado uma manobra parecida, que infelizmente fracassou. No momento em que os pesquisadores foram olhar as imagens do tubo de amostras, perceberam que ela estava vazio. Acontece que o rover perfurou a pedra, mas ela era porosa demais e acabou esfarelando no processo.
Por sorte, a perda não foi total. O tubo contém ar marciano selado e não contaminado, que também deverá ser aproveitado e estudado por pesquisadores em algum momento.
Depois da falha, o novo escolhido da Nasa foi um pedregulho localizado em uma região elevada apelidada de “Citadelle” (francês para “castelo”). As rochas deste local parecem ter resistido à erosão do vento, sugerindo uma maior firmeza.
Vale dizer que toda a exploração do Perseverance ocorre próxima à cratera de Jezero, uma depressão de 45 quilômetros de profundidade que parece ter abrigado um lago há bilhões de anos. A existência de água líquida em Marte no passado é o que leva os cientistas a crerem que os sedimentos da região podem conter traços de vida microbiana ancestral.
Dando uma checada
O fragmento recém-coletado tem grossura parecida com a de um lápis e foi nomeado pelos cientistas como “Rochette” – a primeira das mais de duas dúzias de amostras que os cientistas esperam que sejam recolhidas pelo Perseverance ao longo do próximo ano.
Só tem um problema: o tubo em que ela foi armazenada ainda não foi lacrado, já que a Nasa precisa confirmar que o material está, de fato, ali.
Eis o que aconteceu. A primeira imagem mandada pelo rover mostrava a pedra nitidamente no buraco. Só que outra, que veio logo depois, acabou sendo ofuscada pela luz solar, impossibilitando a visualização completa. Além disso, o segundo clique foi dado logo depois de um procedimento em que o Perseverance vibra o tubo para retirar resíduos desnecessários das bordas. Pode ser que, neste momento, a rocha tenha escapado.
Seja como for, os cientistas acreditam que a rocha ainda está lá, mas querem confirmar com outras fotografias, que serão tiradas nesta sexta (3), em momentos do dia mais propícios, e enviadas à agência espacial no sábado (4). Feita a checagem, o cilindro de titânio será lacrado e armazenado no interior do rover, onde deve permanecer pelos próximos dez anos, no mínimo.
Souvenir marciano
A Nasa, em parceria com a Agência Espacial Europeia (ESA), tem planos de enviar, na próxima década, uma espaçonave para buscar os exemplares coletados pelo Perseverance. As missões Apollo, nas décadas de 1960 e 1970, por exemplo, trouxeram amostras de rochas retiradas do solo lunar para serem estudadas na Terra. Desta vez, poderemos ter os primeiros pedregulhos retirados de outro planeta para serem analisados por aqui.
O Perseverance, que pousou na cratera Jezera em fevereiro deste ano, tem como principal objetivo a coleta e armazenamento de rochas, a fim de colaborar para estudos da geologia e clima de Marte. Tais investigações permitirão a futura exploração humana no planeta. Além do rover, também está envolvido na missão o helicóptero robótico Ingenuity, enviado apenas para um voo teste no ar rarefeito do local – mas que já se mostra uma boa ferramenta para a exploração do planeta vermelho.