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Pesquisadores reconstroem rosto de mulher da Idade do Bronze

Reconstituição artística foi baseada em resquícios de DNA presentes no esqueleto da europeia, que viveu há 4 mil anos.

Por Luisa Costa
Atualizado em 3 ago 2022, 10h49 - Publicado em 14 jun 2022, 16h44

No norte da República Tcheca, há um cemitério cheio de tesouros para antropólogos. São 27 sepulturas. Na “número dois”, está o esqueleto de uma mulher que viveu há quase 4 mil anos, com alguns adereços e resquícios de material genético. Foi esse o material necessário para a reconstrução da imagem da falecida.

Era provavelmente uma mulher branca e baixa, com olhos e cabelos castanhos, como análises de DNA mostraram aos pesquisadores tchecos. Ela viveu na região (próximo à vila de Mikulovice) entre 1880 a.C. e 1750 a.C., segundo a datação por radiocarbono de seus ossos.

Seu crânio era o mais bem preservado do cemitério; seu túmulo, um dos mais ricos entre os túmulos femininos da cultura Únětice já encontrados. Essa cultura arqueológica remonta ao ano de 2300 a.C. – Idade do Bronze da Europa Central, marcada pelo uso intenso de metal em artefatos como ferramentas e ornamentos.

A mulher foi enterrada junto a três agulhas de bronze e usava cinco pulseiras de bronze, dois brincos de ouro e um colar de três fios com mais de 400 contas de âmbar. A resina, inclusive, foi encontrada em grande quantidade no cemitério: havia cerca de 900 objetos feitos de âmbar, em 40% dos túmulos femininos.

Esqueleto de mulher da Idade da Pedra, encontrada em Mikulovice, República Tcheca.
Esqueleto de mulher que teve sua imagem reconstruída tem o crânio mais bem preservado do cemitério. (Jarmila Švédová/Divulgação)

Não está claro quem era a mulher que teve sua aparência reconstruída, mas, segundo os pesquisadores envolvidos na investigação do túmulo, ela provavelmente estava entre os habitantes mais ricos da Boêmia – uma região histórica da República Tcheca, que foi um dos principais reinos do Sacro Império Romano-Germânico.

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Os responsáveis pela reconstituição da imagem são a antropóloga Eva Vaníčková e o escultor Ondřej Bílek, do Laboratório de Reconstrução Antropológica do Museu da Morávia (localizado em Brno, na República Tcheca). Eles tiveram a ajuda de outros estudiosos, como o arqueólogo Michal Ernée, do Instituto de Arqueologia da Academia de Ciências da República Tcheca (em Praga).

Outros ossos antigos do cemitério também têm material genético recuperável, então a equipe pretende estudá-los para descobrir possíveis relações entre os indivíduos enterrados ali. Isso pode ajudar na compreensão da organização social que existia naquele lugar.

Uma das perguntas que poderão ser respondidas em breve, por exemplo, é: as mulheres enterradas com riquezas tinham prestígio por si só ou seus adornos serviriam para indicar o status de seus parentes homens?

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