Libélula: um dos insetos gigantes que “enchiam a cara” de oxigênio
Atmosfera mais rica fez surgir imensas plantas e insetos há 300 milhões de anos.
Todo mundo conhece a libélula, aquele inseto que costuma fazer vôos rasantes sobre lagoas e piscinas, no verão. Pois o inofensivo “mosquitão” – que hoje tem no máximo 16 centímetros da ponta de uma asa à outra – já foi um monstrengo voador do tamanho de um corvo.
Aconteceu no período Carbonífero, entre 360 milhões e 286 milhões de anos atrás. A paisagem do planeta era dominada por pântanos e samambaias desproporcionais. Das baratas aos mosquitos, o número de famílias de insetos aumentou de uma ou duas para centenas. E muitos, como a libélula Meganeura monyi, alcançaram a marca de até 70 centímetros de envergadura.
O gigantismo tem explicação, dizem os zoólogos Jeffrey Graham, do Instituto de Oceanografia Scripps, e Carl Gans, da Universidade de Michigan, ambos nos Estados Unidos. Ele se deve à grande quantidade de oxigênio da atmosfera naquele tempo. Isso ajudou os animais a crescer.
Superoxigenação
A idéia da superoxigenação foi proposta pelo geoquímico Robert Berner, de Yale, que construiu um modelo de ambiente semelhante ao do Carbonífero, em computador. Ele concluiu que as plantas e o ambiente pantanoso saturaram o ar de oxigênio. Sua porcentagem na atmosfera era de 35%, contra os 21% atuais.
Quem mais ganhou com isso foram os insetos. Primeiro, porque a atmosfera ficava mais densa, o que ajudava no vôo. Segundo, porque a respiração ficou muito mais fácil. Os insetos não possuem sistema circulatório como os vertebrados. O ar entra no corpo diretamente pela pele, através dos poros, e circula livremente pelas células. Hoje isso limita o tamanho dos bichos: o oxigênio não tem tempo de avançar muito no organismo. Mas numa atmosfera mais rica, o oxigênio ia mais fundo.