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Equipe da F1 constrói respiradores para pacientes de Covid-19

São equipamentos para casos mais brandos, que dispensam o uso de UTIs – mas que os hospitais tendem a não possuir em número suficiente para uma pandemia.

Por Carolina Fioratti
Atualizado em 13 mar 2024, 08h57 - Publicado em 30 mar 2020, 18h42

O principal torneio automobilístico do mundo está parado devido à pandemia. Mas o time de engenheiros da Mercedes não está de férias. Junto a médicos do Colégio Universitário de Londres (UCL), alguns deles estão desenvolvendo respiradores para pacientes infectados que necessitarem.

Eles estão construindo um tipo específico de respirador, mais simples que os normais. São os chamados “dispositivos de pressão positiva contínua nas vias aéreas” (CPAP, na sigla em inglês). O nome não deixa muito claro, mas a gente explica: é uma máquina que envia ar para a boca do paciente através de uma mangueira. Eles aumentam a quantidade de oxigênio que entra nos pulmões. Nisso, os alvéolos (estruturas que trocam oxigênio) ficam abertos quando o paciente expira. Trata-se de uma mãozinha que deixa a respiração menos trabalhosa. 

E qual é a principal vantagem? Os respiradores convencionais requerem um procedimento invasivo, já que o tubo de ventilação entra traquéia adentro. Eles não são um mero auxílio: respiram por você. Um tubo lança oxigênio direto para o pulmão; outro, suga gás carbônico. Muito bacana, mas para utilizar um equipamento assim você precisa de sedação, e dos cuidados de uma UTI.

Com os CPAPs não tem isso. Eles podem manter pacientes menos graves de Covid-19 sem a necessidade de cuidados intensivos. Os pacientes podem ficar em enfermarias comuns, garantindo espaço nas UTIs para os casos em que o o risco de vida é iminente. 

Tim Cook, professor de anestesia e medicina intensiva do Hospital Royal United, disse ao The Guardian: “Uma enfermaria pode cuidar de dez desses pacientes com dois enfermeiros e um médico. Dez pacientes em UTI podem precisar de cinco ou dez enfermeiros, e de três a quatro médicos. O custo e a mão de obra necessários na UTI são muito maiores”.

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O CPAP não é um dispositivo novo. A diferença é a seguinte: toda UTI tem respirador, mas o hospital, como um todo, tende a não ter uma quantidade tão grande de CPAPs – simplesmente por que, em condições normais, não existem tantos pacientes com problemas respiratórios ao mesmo tempo necessitando de algum tipo de auxílio para respirar. Agora, obviamente, existe.

O mais impressionante nesse caso foi a rapidez com que a Mercedes e a UCL conseguiram tirar seu protótipo de CPAP do papel. Foram da primeira reunião até o primeiro modelo de produção em menos de uma semana. E logo receberam a aprovação da Agência Reguladora de Medicamentos e Produtos de Saúde do Reino Unido. 

Os CPAPs, de qualquer forma, apresentam um incoveniente na luta contra a Covid-19: a máscara vaza pelos lados. Sabe quando você vai no dentista e fica com aquele motorzinho na boca? Então, é quase inevitável não babar. O mesmo acontece aqui. Gotículas infectadas podem entrar em contato com os profissionais de saúde. O risco, de qualquer forma, é baixo. 

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O primeiro passo vai ser implantar o uso dos CPAPs no hospital universitário da UCL, como uma forma de ensaio clínico. Depois, pretendem expandir e oferecer para outros hospitais do Reino Unido. 

E no Brasil? 

Por aqui, as pesquisas para bombar a fabricação de respiradores também estão a todo vapor. A USP e a UFRJ apresentaram projetos de ventiladores pulmonares baratos e fáceis de fazer. Agora sim estamos falando dos equipamentos usados nas UTIs.

O Brasil conta com 61 mil respiradores, somando aparelhos da rede pública e privada. O governo prometeu liberar mais 20 mil. É um número bom, considerando que, caso o distanciamento social seja mantido, vamos precisar de cerca de 40 mil ao final de abril, que deve ser o pico da doença. Mas, como nem tudo são flores, deve-se pensar no cenário pessimista. Se as medidas não forem respeitadas, estima-se que o sistema de saúde venha a precisar de 400 mil respiradores nessa mesma época. Então melhor prevenir do que remediar. 

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A Escola Politécnica da USP anunciou um modelo de ventilador pulmonar mecânico de baixo custo que pode ser usado para atender emergências. Enquanto o respirador convencional custa, pelo menos, R$ 15 mil, esse sairia por apenas R$ 1 mil. Os pesquisadores afirmam que as fabricantes autorizadas seriam capazes de construir milhares de máquinas no curto intervalo de cinco semanas. 

O protótipo da UFRJ já passou por testes. Ele é simples, seguro e deve ser usado em situações emergenciais, quando não houver outras alternativas. Os pesquisadores ainda estão estudando como fabricá-los em escala industrial. Caso você mesmo tenha interesse em colaborar, há uma campanha aberta para obter financiamento e parcerias. Veja mais detalhes aqui.

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